Thursday, February 24, 2005

O POST QUE VEIO DO NADA ACERCA DE COISA NENHUMA

Ora bem... Para variar um bocado, eu estou na net sem fazer absoltutamente nada...e pá isto assim não dá. E como não tenho mais nada que fazer aproveito para reflectir. O que pensarão desta minha atitude os visitantes do blog? Provavelmente ou dirão: «sim senhor, pensar faz muito bem, desenvolve a inteligência, e reu-catrapeu, reu-catrapeu,etc», enquanto que outros pensarão:«Foda-se! Com tanta merda para fazer ele vai-se pôr-se a pensar??», e ainda haverão aqueles que muito acertadamente dirão:«Pois». Enfim, e eu no meio disto tudo penso, no que é afinal tudo isto? O que somos nós? De onde viemos? Para onde vamos?LOL. Não, não me vou pôr a filosofar. Prefiro antes dar uma de Caeiro e dizer (embora me seja impossível citar com exactidão) que estaria muito mal para me pôr a reflectir sobre o mundo e todas essas coisas lindas sobre as quais pensam os filósofos. Aliás para quem não me conhece, eu costumo dizer que os filósofos devem ter um problema qualquer nas partes baixas de tanto as coçarem, porque para inventar todas aquelas coisas de que eles se lembram de inventar, têm de ter muito tempo livre. Enfim, o que faz a falta de trabalho a uma pessoa. De certa forma, cada um de nós é filósofo à sua maneira, não é? Com as nossas coisinhas e tal. Enfim, há coisas com as quais não nos devemos preocupar para não perdermos o controlo de nós mesmos. Provavelmente não sou a melhor pessoa para o dizer, mas pá... sou um teórico, não um prático, embora isso nem sempre possa servir de desculpa. Temos muita coisa que fazer nesta nossa vidinha (embora neste momento eu nem por isso), e devemos concentrar os nossos míseros e atrofiados cérebros em coisas com um mínimo de importância, para que não andemos às cabeçadas nas paredes... E pronto, cá está um post acerca de nada e que do nada começou... Hehehe... Eu sou muito esperto ou muito estúpido. Ou até as duas, não sei. Há gente paar tudo. Ora bem, despeço-me com amizade, e se houver alguém a ler este blog, que o comente nem que seja só pa mandar abaixo. Sou uma mente aberta. :) Eu hoje não estou bom...

Tuesday, February 15, 2005

Devaneio

Ele julgara assim ter perdido, por fim, tudo aquilo que sempre julgou encerrar em si mesmo sem o saber. Achava-se perdido no meio das trevas que criara com o propósito único de se esconder da luz que o ilumina diariamente. Porque a luz fere, a luz queima e tortura e cansa os pensamentos quando deles mais ele tem necessidade. Porque ele anseia que se fechem as portas que lhe abrem o caminho ao mundo, que lhe dão acesso à escolha e ao terrível peso de decidir que escolheu algo que jamais poderá suportar. Ele escolhe o que mais lhe fere, escolhe o que não pode escolher, pois a morte não lhe figura nas escolhas. É a dúbia questão que se lhe afigura, que o tortura, e a resposta lógica a dar perante tal situação bizarra. Respondendo a quê? Questionando o quê? Sendo tudo aquilo que não se é, ele ansiou por ser mais do aquilo que sonhou, só que por o não ter sonhado, julga-se louco porque sabe que jamais o sonhará. Não o sonhando, não tem caminho que o conduza até lá. Mas também nada há que o conduza ao que sonha, talvez um caminho escondido haverá para aquilo que não sonha, já que não sonha com nada. Ele é um irónico fantasma vagabundo, pedinte que estupidamente disfarça as ambições pessoais de todos os seus trágicos papéis representados em versos de poemas inauditos. Ele sabe ser actor único da vida que não tem. Sabe ser figurante da vida que lhe desenharam numa tela repleta de pormenores. Simples mossa à superfície provocada por danos colaterais, como as ramificações de uma vida que não é sua, de um sonho que não sonhou, de um império que não é o seu, mas ao qual se sujeita e do qual aceita as ordens ditadas pela ímpia entidade sobre-humana encarregue dos destinos mortais, embora seu destino deles dependa. Sociedade coisa má. Sono de um mundo que há de vir. Memórias de um tempo que não é o seu, mas em direcção ao qual sente necessidade de fugir. Que fuja para si mesmo, que fuja para se encontrar e descobrir que se perdeu.

Friday, February 11, 2005

POLÍTICA NACIONAL

Aproveito a deixa das campanhas americanas, para falar das portuguesas. No outro post eu falava de que havia maus vícios ques estavam a querer entrar aqui no «rectângulo». Pelos vistos um deles agora é a capacidade para fazer más campanhas eleitorais. Por um lado até tem a sua piada não ouvir os políticos fazerem promessas que não podem cumprir, mas ver as campanhas dos partidos unicamente direccionadas para a ofensa e difamação pessoais é irritante, para não dizer nojento. Mas se deu resultado nos EUA, pode ser que deia aqui também, pensarão os dirigentes políticos. Por favor! Não me lembro de ver correr tanto boato e de ouvir indirectas acerca da vida pessoal de cada dirigente. A política dos últimos tempos já se caracterizava por isto, mas desde que o Governo foi dissolvido, assistiu-se a uma explosão de política reles e de baixo nível. Ninguém oferece propstas consistentes, ninguém faz críticas construtivas, ninguém se preocupa em encontrar verdadeiramente uma solução para as crises (sim , porque são várias) no país. Odeio seguir-me pela opinião populista, mas a política é cada vez mais a procura pelo melhor «tacho». Para as legislativas, com um clima destes... venha o diabo e escolha.

Wednesday, February 09, 2005

América

Este texto já tem um tempito, mas como toda a gente disse que estava bom, quis postá-lo na sua totalidade, e não resumido como vai aparecer no MDI. Até éstá girito...

Pela primeira vez fui tentado a acompanhar as eleições americanas, principalmente porque neste ano estava em causa a possibilidade de o nosso caro Mr. Bush ser ou não reeleito. Que Mr. Bush fica mais 4 anos na Casa Branca, já sabemos, não que isso me entristeça muito; Kerry não me parecia ter muito mais carácter que Bush, pelo menos já sabemos com o que podemos contar com este no poder: muita merda. O que mais me chocou foi sem dúvida a maneira como a campanha foi feita dos 2 lados. Ainda considera o povo português o seu país de Terceiro Mundo? Então que dizer dos EUA, terra dos livres, lar dos bravos? Campanhas reles e completamente desprovidas de sentido, onde o que importava valorizar a imagem dos candidatos (ainda que esta não seja grande coisa), e não discutir o que era importante para o país e para o mundo, pois de certa maneira são os EUA que governam o mundo. Importava saber o que Kerry fez na guerra do Vietname, e na maneira como Bush fez cara de mau aos terroristas? Ou seja limitavam-se a vangloriar-se a si mesmos e a ofender o adversário, nada mais; é política americana meus amigos, política esta que toma como maior símbolo a liberdade, que de tão admirada viria a ser uma referência para todas as primeiras constituições liberais do século XIX, quando pela primeira vez se falou de tal ideal. É esta a liberdade em que os americanos acreditam, pois é por ela que se deixam reger, deixando-se cair nestes jogos mentais que só desvalorizam o seu próprio intelecto: é a guerra das aparências, onde é mais importante parecer do que ser. Quem se importa afinal o que cada candidato pode fazer para melhorar o país, quando é muito mais interessante saber qual das aspirantes a primeira dama cozinha melhor? E se os americanos concordam com isto, quem somos nós, meros labregos deste jardim à beira mar plantado para os contradizer? «We’re all living in America!» dizem os Rammstein. Não nos gerimos pelos mesmos pretensos ideais de liberdade que tanto apregoam os americanos? Roupas de marca americana, música americana, filmes americanos, os próprios ideais... Os nossos (pretensos) ideais de revolta são-nos transmitidos por americanos, simplesmente pelo facto de a rebeldia (ou aparente rebeldia) ser algo de bastante comercializável. Os americanos não sabem o que é liberdade, confundem-na com libertinagem. A diferença é que libertinagem é uma liberdade irresponsável, sem respeito pela liberdade dos outros, enquanto que ter liberdade, é podermos fazer as nossas escolhas tendo unicamente como limitação o respeito pelos outros seres humanos, e pelas decisões que estes possam tomar. Um exemplo flagrante da libertinagem que nos é chega diariamente dos EUA é a banalização do corpo a um simples instrumento de sexo. Não se trata de condenar o sexo em si, mas apenas na maneira em como ele é abordado nos nossos dias: puro prazer e nada mais que prazer, dum lado o macho do outro a fêmea, ambos com necessidades básicas à espera de serem satisfeitas. Aonde está o amor, alma, e todo o tipo de sentimentos que nos diferenciam dos animais? São escondidos; o prazer é melhor, mais fácil de obter, mas que também dura menos tempo. Um pequeno pormenor. Repare-se ainda que quem procura este tipo de relacionamentos instantâneos, não tem maturidade, nem inteligência para pensar no que está a fazer, nem percebe até que ponto abandona a própria dignidade por algo que nem ele mesmo sabe: limita-se a dar seguimento àquilo que ouve e que vê todos os dias. A falta de maturidade e de racionalidade foram sempre os motivos dos radicalismos. Tal como o sexo fácil, nos radicalismos, deixar-nos guiar pela raiva é mais simples, do que pela razão. E por esta raiva mata-se, tortura-se, para muitas vezes, no fim, cairmos nos ideais contra os quais lutamos. A teoria é tão bonita, e a mente da sociedade tão pobre. Mas é isto que comemos todos os dias, e o pior é que gostamos. A América é de facto a terra da liberdade e a liberdade está morta.