Storm

O ânimo é uma coisa tão nefasta. Faz-nos voar e tem capacidade simultânea de nos cortar as asas. Lança-nos à voga num mar de pesadelos. Presos a uma casca de nós no centro da tempestade. Mas perante tão altas ondas, revoltas e ventos fortes sentimo-nos elevar a nossa estima e o desejo épico de cortar as rédeas à História. De as tomar pela força, escrevendo a ferro e fogo o nosso na pedra do tempo, que este jamais apagará. Do tempo em que o nosso nome era feito de sonhos. E os nossos actos de amor. E o mar tão revolto. E a chuva fustigante. Castigadora. Implacavelmente e sem misericórdia se abate sobre os nossos castelos de cartas construídos na areia molhada da praia à ja muito deixada pra trás. As coisas não deviam ser assim. Icemos velas. Não lançaremos âncora até atingir terra firme. O homem da proa e único tripulante que se chegue à frente, e a ajude a cortar as ondas. Depois de já tanto pisado e riscado do mapa, não será por tão pouco que cairei.